Eu e tu sem amor, sem pudor, ao pulsar do teu sangue quente, ao ritmo das minhas ancas (…)
Vejo as tuas mãos desbravar cada centímetro oculto, cada pedaço de pecado que nem eu ainda saboreei. Sabe a pecado e queima como a tua lava que me corrói e me aquece o ventre: cheio, cheio de ti. E nas pálpebras que me ofereces cerradas e nas pestanas que me percorrem es tão meu e quase que nunca tão vulnerável. Apeteces-me assim. Sempre doce como um cubo de mel derretido que me beija o corpo e se cristaliza na minha boca. Mas de doce enjoo eu, por isso vou trincando a tua acidez com avidez ate me entorpecer no teu turbilhão de sabores.
Dás-me tudo mas também mo tiras de volta. Admiro isso em ti, a tua perícia descarada, o teu olhar esquivo (intenso) que me perfura as costas. Dói não me cansar de ti. Deixas-me tonta. Por isso escrevi como para curar uma eterna ressaca da bebedeira que és capaz de provocar. Eu adoro a violência do teu quadril, o V das tuas costas, não há nada mais parecido com um Apollo, só meu. Que importa quantas mais vezes te vou ter amarrado a mim, a deriva numa cama que nos engole aos dois? Não há maior mar do que aquele que nos separa quando sentimos o peito arfar sob o desejo ardente que temos de disfarçar. Consegues ser os quatro elementos: fogo, terra, agua e ar. A tua sensatez já não me engana, o teu falar pausado também não, o teu olhar já não evita o que queres contornar. Tal como eu. Tens-me nos dedos quando te prendo no meu leito. Não preciso que olhes, mas quero que me consumas. Preciso do teu apetite insaciável, do teu amor de 30 minutos.
Ate a mão lateja ao escrever pois o que deito nesta folha e o que me Fode o juízo todos os Santos dias.
Fotografia : www.olhares.com (autor, nao me lembro :S)