Gostava de poder acabar a minha história, conduzir as minhas personagens por peripécias e caminhos intermináveis mas e impossível. Não consigo, pelo menos não hoje. Só quero escrever sobre mim, tirar-te daqui, matar a dor de cabeça e fuzilar os sonhos. Ontem sonhei contigo como há muito já não acontecia; não me lembro bem do que mas sei que alguém andava a tua procura e tu só me mandavas procurar no saco, no saco. E depois dizias: eu viajo sempre com dois sacos, o da roupa e o das outras coisas. Procura no das outras coisas.
Estou farta de ti, não sei aonde te pôr. Se te deito fora, arrependo-me. Se te desprezo, sinto-me ridícula. Se te ignoro, dói. Não percebo este sentimento horrendo que me arrepia e deixa confusa, me tira a paz, pois não sei o que dele fazer. Já e papel gasto a mais para falar duma só pessoa, frases desperdiçadas com detalhes que mais ninguém a não ser eu ira perceber. Trinco-te avidamente mas vomito-te em palavras, que se lixe a digestao. Quero fazer uma pausa mas no entanto fazes-me tão bem. Só preciso de duas frases por dia e por mais incrível que pareça tudo fica melhor, mais sorridente, mais fácil.
Há saudade que não se descreve, aquela que deixa um nó na garganta e o olhar perdido, que nos faz andar à deriva despropositadamente, mesmo quando está tudo aparentemente bem. Há saudade que é ansiedade e espera. A minha noção do tempo anda toda trocada; está tudo ampliado, distorcido.
Acho que me repito constantemente e textos como este já estou a começar a enjoar. Tenho que escrever os meus contos inocentes e fabulásticos, inventar as minhas paródias e criticar tudo o que me apetece. És tão egoísta que nem uma mísera folha podes partilhar. Estou sinceramente farta de ti sem realmente o estar. Tudo é contradição, ambiguidade e mistério para mim quando na verdade são simples frases e coisas normais.
Tenho o gene da complicação no que toca a qualquer assunto teu.
Morri.