Não consigo falar nem tampouco emitir sequer um som que se pareça com uma fala. Porque se eu falar vai soar mal, vai ser ridículo ou inadequado. Como quase sempre. Quando devia não me esforço o suficiente e quando não interessa entrego o corpo e a alma numa trouxa só.
Não posso nem tentar delinear os traços tua dor, medir o tamanho da tua tristeza ou carregar o peso que vais arrastando. Porque se eu o fizer, como duas pessoas que mudam um móvel de lugar, daqui para ali, há sempre uma que leva tudo muito a peito e outra que fica com as lá mãos agarradas, só porque sim, mas sem fazer forca nenhuma. Só porque lhe disseram que assim tinha de ser, assim mandam os bons princípios e as boas maneiras: ajudar o outro com um fardo pesado.
Não.
Prefiro ficar calada, ouvir-te e animar-te com caretas do que com palavras vãs. Podes tomar isto por fraqueza minha, mas não. Tu já fazes parte de mim: sorriso do meu sorriso, dedo do meu dedo, beijo do meu beijo. Por isso sentar-me-ei ao teu lado para te poder decorar o olhar de tristeza/triste, pintá-lo nas minhas mãos e dizer: que tela tão feia, vou apagar.
14/05/10
2 comentários:
Para quem lê tanto, calculei que escrevesses bem... mas mesmo assim superaste as minhas expectativas!
Não sei se captei a mensagem na integra, mas tambem não conheço muito bem o teu "background", desconheço até se são desabafos ou ficção, fico à espera de explicação e dos próximos capitulos.
RM
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